A Cognição

Aprendizagem 
A aprendizagem é a alteração relativamente estável do comportamento ou do conhecimento, devida à experiencia, ao treino ou ao estudo; processo que ocasiona essa alteração.

Os elementos caracterizadores da aprendizagem são:

  • A alteração comportamental, pois só se pode falar de aprendizagem se o individuo adquiriu uma conduta que não possuía ou alterou uma já existente;
  • As modificações apresentadas têm de apresentar caráter duradouro;
  • A aprendizagem implica exercício, pois ninguém aprende sem experiência, prática, treino ou estudo.

Nem todas as modificações se podem atribuir à aprendizagem, como o processo de maturação neurofisiologia dos bebés e as modificações provocadas por doença física ou mental -> alterações comportamentais não aprendidas.

 

Aprendizagem por insight 

Processo que ocorre quando se dá a compreensão rápida e inesperada dos dados de um problema e da forma de os organizar para o resolver.

Caracteriza-se por uma organização repentina de elementos quando se trata de resolver problemas; forma rápida, mas incontrolada de aprender.

 

Aprendizagem social 

A aprendizagem social (Observação e imitação) é um processo de aprendizagem que as pessoas fazem através da observação de comportamentos sociais, os quais são mentalmente imitados e exteriormente expressos.

Modelagem – processo de aprendizagem feito por observação e imitação de pessoas significativas (modelos).

Aprendizagem vicariante – a aprendizagem pode ser feita direta e indiretamente:

  • Aprendizagem direta: aquisições em que as consequências dos atos recaem sobre o sujeito que os pratica;
  • Aprendizagem vicariante: aquisições em que os modos de proceder são sugeridos pela observação das consequências que recaem nos outros.

 

Cognição 
Cognição, por um lado, designa o conjunto de processos de conhecimento através dos quais um organismo adquire, trata, conserva, pondera e
explora informação e, por outro lado, o resultado mental desses processos, isto é, os conhecimentos propriamente ditos. 

A cognição não é idêntica em todas as fases da nossa vida. As habilidades mentais criam-se e transformam-se em consequência da crescente maturidade fisiológica e da interacção permanente entre o indivíduo e o meio ambiente circundante. A cognição tem uma importante função adaptativa e o seu desenvolvimento permite uma progressiva complexidade, flexibilidade e sofisticação da capacidade de resolver problemas.

 
Condicionamento clássico 
Processo de aprendizagem que se baseia na associação de um estímulo condicionado a um estimulo natural, de modo a que o individuo reaja ao estímulo condicionado do mesmo modo que reage ao estimulo natural.

Aquisição – processo de associação do estímulo condicionado e do estímulo incondicionado, de modo a ser aprendida a resposta condicionada.

Processos implicados no condicionamento:

  • Extinção: eliminação da resposta aprendida, pela apresentação repetida do estímulo condicionado sem a presença do estímulo incondicionado;
  • Recuperação espontânea: aparecimento temporário de uma resposta extinta após um período de repouso.

   Em função ou não do reforço:

          -Recondicionamento: se o experimentador apresentar de novo o reforço, a resposta vai aumentando gradualmente;

          -Reextinção: se o estímulo condicionado continuar a ser apresentado sozinho, a resposta decresce novamente.

  • Generalização do estímulo: processo que consiste em estender a resposta aprendida a novos estímulos que se assemelham ao estímulo usado no treino.
  • Discriminação: processo que consiste em estabelecer diferenças entre estímulos semelhantes, respondendo-lhes de modo diversificado.

 

Condicionamento operante 

Processo de aprendizagem dinamizado pela obtenção do reforço e que é baseado na sua associação à resposta operante.

Assenta no princípio que o comportamento que permite atingir algo agradável tende a ser repetido, enquanto o comportamento que resulta em algo desagradável tende a ser evitado.

Mediante os comportamentos, as suas consequências podem variar:

  • Reforço: estímulo agradável que, surgindo em consequência de um comportamento, aumenta a sua ocorrência.
  •    Reforço positivo: apresentação de qualquer estímulo apetecível e que aumenta a frequência do comportamento.
  •    Reforço negativo: retirada de qualquer estímulo aversivo que aumenta a frequência do comportamento.
  • Castigo: Qualquer estímulo desagradável que surge em consequência de um comportamento e que diminui a sua ocorrência.

Fatores explicativos do esquecimento 

Distorção do traço mnésico: a distorção do traço mnésico deve-se a falhas que podem ocorrer na codificação, no armazenamento ou na recuperação dos conteúdos.

Interferência de outras aprendizagens: as interferências promotoras do esquecimento podem fazer-se sentir em esquecimento por inibição proactiva (deterioração dos conteúdos mnésicos provocada pela interferência de recordações passadas) e esquecimento por inibição retroativa (deterioração dos conteúdos mnésicos provocada pela interferência de novas informações).

Motivação inconsciente: Freud chamou recalcamento ou repressão à tendência que os seres humanos têm de evitar inconscientemente a recordação de certas impressões e situações penosas.

Há uma dimensão positiva no esquecimento, na medida em que desempenha uma função seletiva; o psiquismo necessita de depurar materiais, filtrar os conteúdos mnésicos, eliminando muitos deles, antes de se fazerem novas aquisições.

 

Memória 

Processo de recordar conteúdos que foram adquiridos e armazenados para serem posteriormente utilizados.

É o sustentáculo das nossas aprendizagens, permitindo ao ser humano um sistema de referências relativas à sua experiencia vivida e ao reconhecimento de si como pessoa de identidade própria.

Aprendizagem e memória são processos indissociáveis, pois uma conduta só se considera aprendida se for retida ou memorizada e só se pode reter o que foi aprendido.

Segundo o Modelo de processamento de informação, a memória inclui as fases:

  • Receção e codificação: a informação é recebida e convertida em formatos psicológicos mentalmente representáveis, preparando-se para o armazenamento.
  • Armazenamento: depois do tratamento, a informação é guardada num grande depósito.
  • Recuperação: sempre que necessitamos de uma informação há que ir buscá-la ao armazém.
  • Esquecimento: os dados mnésicos perdem-se com o tempo, e este desaparecimento vai permitir adquirir conteúdos novos.

Este modelo considera a existência de três tipos de memória: memória sensorial, memória a curto prazo e memória a longo prazo. 

 

Memória a curto prazo

Retém temporariamente a informação que aí permanece durante um período mais longo do que na memória sensorial, não ultrapassando os 60 s.

As lembranças só aí estão disponíveis durante o tempo necessário para serem utilizadas.

Tem capacidade de armazenamento limitada (8 itens), podendo ser aumentada se os itens forem associados em grupos.

Cabe a esta memória selecionar e enviar os conteúdos significativos para a memória a longo prazo.

 

Memória a longo prazo 

Concede-nos a capacidade de recordar uma quantidade substancial de informação durante períodos bastante longos.

Tem grande flexibilidade na codificação dos materiais, tanto pode ser codificada em termos de imagem como verbal (significado).

Recuperamos continuamente informação da memória a longo prazo, sendo a recordação um processo gerido pela memória a curto prazo.

 

Memória sensorial 

As informações sensoriais são provenientes dos estímulos armazenados na memória sensorial por um curtíssimo espaço de tempo (+/- 0,25 s).

Regista as impressões visuais, auditivas, olfativas ou tácteis sem as processar.

Aí são retidos onde permanecem sem qualquer tratamento ou análise.

As informações passam por esta memória, sem receber nenhum processamento, se lhes prestamos atenção, então os dados codificam-se e são transferidos para a memória a curto prazo, se não lhes prestarmos atenção acabam por se deteriorar.

 

Modalidades da aprendizagem 

As diversas formas de aprendizagem podem ser agrupadas em dois modelos:

  • Modelo comportamental: só se considera a aprendizagem concluída a partir do momento em que o indivíduo manifesta comportamentos que a comprovem; inclui processos ligados ao aprender a fazer e que tem no condicionamento (clássico e operante) uma representação significativa e que assentam na conceção behaviorista de que a aprendizagem resulta da associação entre estímulos e respostas;
  • Modelo cognitivo: a aprendizagem pode estar realizada mesmo sem indícios exteriores dessa ocorrência; o fundamental é aprender a pensar e adquirir conhecimentos que fiquem armazenados na memória para aplicações que julgue necessárias (aprendizagem latente); incluem-se as formas de aprendizagem insight e aprendizagem social.

Perceção

Em psicologia, neurociência e ciências cognitivas, percepção é a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, a partir de histórico de vivências passadas. Através da perceção um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio. Consiste na aquisição, interpretação, seleção e organização das informações obtidas pelos sentidos. A perceção pode ser estudada do ponto de vista estritamente biológico ou fisiológico, envolvendo estímulos elétricos evocados pelos estímulos nos órgãos dos sentidos. Do ponto de vista psicológico ou cognitivo, a percepção envolve também os processos mentais, a memória e outros aspetos que podem influenciar na interpretação dos dados percebidos. Na psicologia, o estudo da perceção é de extrema importância porque o comportamento das pessoas é baseado na interpretação que fazem da realidade e não na realidade em si. Por este motivo, a perceção do mundo é diferente para cada um de nós, cada pessoa percebe um objeto ou uma situação de acordo com os aspetos que têm especial importância para si própria. 

 

Fatores que influenciam a percepção:

O processo de perceção tem início com a atenção que não é mais do que um processo de observação seletiva, ou seja, das observações por nós efetuadas. Este processo faz com que nós percebamos alguns elementos em desfavor de outros. Deste modo, são vários os fatores que influenciam a atenção e que se encontram agrupados em duas categorias: a dos fatores externos (próprios do meio ambiente) e a dos fatores internos (próprios do nosso organismo).

 

Fatores externos:

Os fatores externos mais importantes da atenção são a intensidade (pois a nossa atenção é particularmente despertada por estímulos que se apresentam com grande intensidade e, é por isso, que as sirenes das ambulâncias possuem um som insistente e alto); o contraste (a atenção será muito mais despertada quanto mais contraste existir entre os estímulos, tal como acontece com os sinais de trânsito pintados em cores vivas e contrastantes); o movimento que constitui um elemento principal no despertar da atenção (por exemplo, as crianças e os gatos reagem mais facilmente a brinquedos que se movem do que estando parados); e a incongruência, ou seja, prestamos muito mais atenção às coisas absurdas e bizarras do que ao que é normal (por exemplo, na praia, num dia verão, prestamos mais atenção a uma pessoa que apanhe sol usando um cachecol do que a uma pessoa usando um traje de banho normal).

 

Fatores internos:

Os fatores internos que mais influenciam a atenção são a motivação (prestamos muito mais atenção a tudo que nos motiva e nos dá prazer do que às coisas que não nos interessam); a experiência anterior ou, por outras palavras, a força do hábito faz com que prestemos mais atenção ao que já conhecemos e entendemos; e o fenómeno social que explica que a nossa natureza social faz com que pessoas de contextos sociais diferentes não prestem igual atenção aos mesmos objetos (por exemplo, os livros e os filmes a que se dá mais importância em Portugal não despertam a mesma atenção no Japão).

 

Processo cognitivo

Processo cognitivo é a realização das funções estruturais da representação (ideia ou imagem que concebemos do mundo ou de alguma coisa) ligadas a um saber referente a um dado objeto. Constitui na execução em conjunto das unidades do saber da consciência, que foram baseados nos reflexos sensoriais, representações, pensamentos e lembranças, com o processo mental que consiste em escolher ou isolar um determinado aspecto de um estado de coisas relativamente complexas, a fim de simplificar a sua avaliação, classificação ou para permitir a comunicação do mesmo através da abstração.