A emoção, a mente, a inteligência e a criatividade e as relações precoces

Adquirido 

Característica que o indivíduo possui em resultado da aprendizagem ou ação do meio. Opõe-se ao inato.

 

Afetividade 

Conjunto de emoções e sentimentos que um indivíduo pode experimentar nas diferentes situações em que vive.

 

Afetos 

Predisposição do indivíduo para reagir de modo penoso ou agradável nas relações de vinculação que estabelece com as pessoas ou com outros elementos do mundo que o envolve. 

 

Afiliação 

Necessidade que o indivíduo tem de ser aceite e estimado pelo outro, de estabelecer ligações afetivas.

 

Ambivalência 

Coexistência de sentimentos ou atitudes opostas (amor/ódio; aproximação/rejeição) em relação ao mesmo indivíduo ou objeto.

 

Amnésia 

Designa uma perda grave da memória, geralmente afetando mais a memória declarativa do que a memória semântica. O seu caráter patológico distingue-a do vulgar esquecimento. De entre múltiplas formas de que pode revestir-se destacamos apenas dois tipos: amnésia anterógrada (perda dos conteúdos anteriores ao acontecimento que deu origem à perda ou enfraquecimento da função mnésica); amnésia retrógrada (incapacidade de memorizar conteúdos posteriores ao acontecimento que deu origem á perda ou enfraquecimento da função mnésica).

 

Anaclítico 

Relativo a apoio ou dependência. Termo usado por Spitz para referir a relação de dependência que o bebé estabelece com a mãe nos primeiros tempos de vida.

 

Ansiedade 

Processo emocional de tonalidade desagradável, caracterizado pela sensação de mal-estar, inquietude, insegurança. Na sua forma intensa, persistente e repetitiva, constitui um dos sintomas mais significativos de um grande número de perturbações psicológicas.

 

Atenção 

Focalização da perceção, de modo prolongado, sobre um conjunto de estímulos em detrimento de outros. Processo que assegura a seleção da informação, com vista à elaboração de respostas adequadas. As principais perturbações de atenção são a distração (atenção flutuante entre situações) e a dispersão (incapacidade de concentração numa situação).

 

Autorregulação 

Conjunto de meios psíquicos e comportamentais que um indivíduo interpõe entre uma agressão e o seu organismo; mecanismos de ajustamento em direção a um objeto.

 

Codificação 

Processo pelo qual um estímulo físico (visual, auditivo, tátil, olfativo ou gustativo) é transformado numa representação mental (imagem), que pode ser armazenada na memória.

 

Componentes da Emoção

  • Componente cognitiva - Ocorre quando tomamos conhecimento do facto: se não houver conhecimento deste, não se experimenta qualquer emoção;
  • Componente avaliativa - Fazemos uma avaliação, agradável ou desagradável, da situação;
  • Componente fisiológica - Manifestações orgânicas, corporais face à emoção;
  • Componente expressiva - Expressões corporais que permitem mostrar ao outro as nossas emoções;
  • Componente comportamental - Comportamento que o sujeito poderá ter face ao outro, é o estado emocional que desencadeia determinado conjunto de comportamentos;
  • Componente subjetiva - Relaciona-se com o que o indivíduo sente a nível emocional e interior a que só ele tem acesso,  ou seja, é o estado afetivo associado à emoção.

 

Conduta 

Termo usado por diversas correntes da psicologia para designar o comportamento, não apenas na sua dimensão exteriormente observável, mas também nas suas componentes processuais internas e mentais.

 

Conforto de contacto (ou contacto-conforto) 

Conceito introduzido por Harry Harlow para caracterizar a necessidade primária, isto é, não dependente de outras necessidades, que leva o indivíduo à procura de contacto corporal. A relação precoce permite a satisfação desta necessidade.

 

Constância percetiva 

Capacidade para perceber os objetos como constantes e estáveis, relativamente à forma, tamanho, cor e luminosidade, apesar das variações dos dados sensoriais em bruto.

 

Criatividade 

Habilidade para descobrir soluções novas, invulgares e adequadas a uma situação nova ou problema.

 

Desenvolvimento   

Conjunto de transformações por que passa um indivíduo ao longo do seu ciclo de vida (da geração até à morte). É um processo multidimensional (físico, fisiológico, psicológico e social).

 

Díade  

Designa dois indivíduos em interação. É considerada a relação social mais influente na medida em que o comportamento de um dos indivíduos é modelado pelo outro.

 

Diferença entre sentimento e emoção, segundo António Damásio

Usualmente, emoção e sentimento surgem como sinónimos, mas segundo António Damásio, a relação entre ambos é muito estreita.

Segundo António Damásio, a emoção é um conjunto de reações corporais, automáticas e inconscientes, face a determinados estímulos provenientes do meio onde estamos inseridos.

O sentimento surge quando tomamos consciência das nossas emoções, isto é, o sentimento dá-se quando as nossas emoções são transferidas para determinadas zonas do nosso cérebro, onde são codificadas sob a forma de atividade neuronal.

 

Dissociação 

Designa a rutura da unidade psíquica da mente, presidindo esta, no sujeito normal, à integração harmoniosa dos diferentes campos. Personalidade, cognição, emoção, comportamento. Este termo não deverá ser confundido com dissonância (termo associado è esquizofrenia).

 

Emoção 

Reação súbita agradável ou desagradável, geralmente de curta duração e de grande intensidade, a um acontecimento inesperado, que interfere na relação que o sujeito estabelece com a realidade.

 

Evocação 

Operação da memória pela qual o sujeito recorda um acontecimento do passado ou um objeto anteriormente percebido, isto é, recupera informação previamente armazenada, com o objetivo de a utilizar na situação atual. Implica esforço de procura do material armazenado.

 

Imagem 

Representação mental (visual, auditiva, tátil, olfativa ou gustativa).

 

Imagem mental 

Estrutura psíquica que se assemelha ao objeto ou acontecimento que está a ser representado. 

 

Imaginação 

Capacidade de criação de realidades possíveis, sendo condição fundamental da vida mental. Descobre, explora e cria explicações e sentidos. 

 

Inato 

Característica que o indivíduo apresenta à nascença, de forma manifesta ou latente, e que não resulta da aprendizagem ou de outra ação do meio. Opõe-se a adquirido.

 

Indicadores binoculares de profundidade 

Indícios que permitem a perceção tridimensional e que decorrem do facto de os seres humanos serem dotados de dois olhos.

 

Indicadores monoculares de profundidade 

Indícios que permitem a perceção tridimensional e que estão disponíveis para cada olho separadamente.

 

Integração 

Inclusão no todo; é um princípio de organização inerente aos sistemas complexos e pressupõe a ideia de uma estrutura única, cujo funcionamento eficaz e eficiente depende do equilíbrio harmonioso e da unidade funcional entre as componentes do sistema.

 

Inteligência 

Capacidade mental bastante geral que, entre outras coisas, envolve a habilidade de raciocinar, planificar, resolver problemas, pensar de forma abstrata, compreender ideias complexas, aprender rapidamente e aprender com a experiência. Não é uma mera aprendizagem literária, uma habilidade estritamente académica ou um talento para nos sairmos bem em provas. Ao contrário disso, o conceito refere-se a uma capacidade mais ampla e mais profunda de compreensão do mundo à nossa volta: "pegar no ar", "pegar" o sentido às coisas ou "perceber". 

 

Metacognição 

Designa ao mesmo tempo os conhecimentos a propósito da própria cognição e os processos e estratégias de regulação da cognição.

 

Mente 

Estrutura organizativa dos processos psíquicos. Entidade que nos permite pensar, sentir, agir com finalidades, intenções, com uma natureza autorreflexiva. 

 

Observação naturalista 

Designa a metodologia de observação dos indivíduos (humanaos e não humanos) em ambiente natural, com o objetivo de captar os seus comportamentos genuínos e na sua relação com o meio.

 

Pensamento 

Designação genérica de uma série de atos mentais cuja finalidade é a resolução de problemas, a tomada de decisões e a representação da realidade. 

 

Perceto 

Representação mental de um estímulo que é percebido.

 

Profundidade 

Designa, quando aplicada à perceção, a distância de algo percebido relativamente ao observador.

 

Prosódia 

Conjunto de características fónicas do encadeamento do discurso: variações de altura, de intensidade ou de duração que determinam a melodia, os tons, as pausas, os acentos, o ritmo, etc.

 

Regras de manifestação (ou de exibição) 

Conjunto de normas culturais que estipulam como e quando as emoções podem ser exibidas.

 

Relação entre razão e emoção segundo António Damásio

Ao contrário do que durante muito tempo se pensou, as emoções e os sentimentos não são um obstáculo ao funcionamento da razão; estão envolvidos nos processos de decisão, segundo a perspetiva de António Damásio.

O investigador chama a atenção para o facto de que se fosse apenas a razão a participar nos processos de decisão, seria muito complicado tomar uma decisão.

A análise rigorosa de cada uma das hipóteses levaria tanto tempo que a opção escolhida deixaria de ser oportuna, ou então, perder-nos-íamos nos cálculos das vantagens e das desvantagens.

Segundo o próprio autor, “a emoção bem dirigida parece ser o sistema de apoio sem o qual o edifício da razão não pode funcionar eficazmente”.

A tomada de decisão é suportada por duas vias complementares:

Representação das consequências de uma opção disponibilizada pelo raciocínio: avaliação da situação, levantamento das opções possíveis, comparações lógicas, etc.;

A perceção da situação provoca a activação de experiências emocionais experimentadas anteriormente em situações semelhantes.

Damásio remete para o conceito de Marcador somático: mecanismo automático que suporta as nossas decisões. Permite-nos decidir eficientemente num curto intervalo de tempo. Atua como um sinal de alarme automático que diz: atenção ao perigo decorrente da escolha de determinada ação. Este sinal protege-nos de prejuízos futuros, sem mais hesitações, permitindo-nos escolher uma alternativa entre as várias. Os marcadores somáticos aumentam provavelmente a precisão e a eficiência do processo de decisão.

 

Repetição 

Estratégia para convencer a informação na memória a curto prazo, ou para transferi-la para a memória a longo prazo, mediante reprodução sistemática e reiterada da informação.

 

Resposta “Ataque-ou-fuga” (Luta/Fuga) 

Designa a prontidão fisiológica do animal para lidar com o perigo.

 

Retina 

Fina membrana interna (sensorial) da parte de trás do globo ocular onde se formam as imagens; contém os recetores que transformam as ondas de luz em sinais neurais.

 

Sentimento 

Estado afetivo agradável ou desagradável, de grande estabilidade e média intensidade, com papel moderador nas relações que o sujeito estabelece com as pessoas e com outros elementos do mundo. 

 

Situação indutora 

Estímulo ou conjunto de estímulos que provocam acentuação da excitação ou da inibição.

 

Significado 

Interpretação; sentido; atribuição.

 

Subcortical 

Refere-se às regiões mais antigas, do ponto de vista filogenético, do cérebro ou encéfalo, situadas abaixo do córtex.

 

Teste 

Instrumento padronizado para obter informação sobre características do indivíduo (intelectuais, aptidões, personalidade, etc.).

 

Teorias / Perspetivas das emoções

    Perspetiva Evolutiva

  • Segundo Charles Darwin
  • Darwin procurou traços comuns na expressão de emoções em vários povos, e identificou seis emoções primárias ou universais: a alegria, a tristeza, a surpresa, a cólera, o desgosto e o medo;
  • Considerou que as emoções têm um papel adaptativo fundamental na história da espécie humana, sendo determinante para a sua capacidade de sobrevivência.
  • Segundo Ekman
  • Mais tarde Ekman investigou tentando procurar uma tese que defendo que povos diferentes teriam emoções diferentes;
  • Confirmou a tese de Darwin: há emoções que são universais, independentes do processo de aprendizagem e da cultura em que se manifesta;
  • Não nega a influência da cultura nas emoções, na medida em que há regras que controlam a sua expressão. Porem, existe um património comum ao nível das emoções e da sua expressão.

 

Perspectiva Fisiológica

  • Defendida por Willians James, que considerava que as emoções resultariam da consciência das mudanças orgânicas provocadas por determinados estímulos;
  • As emoções resultam das percepções do estado do corpo, das mudanças orgânicas provocadas por estímulos;
  • O estado de consciência de emoções como a cólera, a alegria, a raiva, resume-se à consciência de manifestações fisiológicas.

 

Perspectiva Cognitivista

  • Afirmam que os processos cognitivos, como as perceções, recordações e aprendizagens, são fundamentais para se perceberem as emoções;
  • A forma como representamos uma dada situação, como a avaliamos é que desencadeia ou não determinada emoção.

 

Perspectiva Culturalista

  • As emoções são processos aprendidos no processo de socialização;
  • Consideram que as emoções são uma construção social, que tem que ser aprendidas;
  • As diferentes sociedades e culturas definem o tipo de emoções que se podem manifestar e como as manifestar;
  • A sua forma de expressão varia de cultura para cultura, dependendo assim do espaço e do tempo;
  • Nega a existência de emoções universais: à diversidade cultural corresponde uma diversidade de emoções e das respetivas expressões.

 

Traço mnésico 

Marca deixada por uma informação no sistema nervoso central (memória); pode ser permanente ou temporária.

Unificar Tornar uno ou unido; reunir várias partes num todo único e organizado; fazer convergir para um só fim ou objetivo.