Relações Precoces

Competências básicas da mãe 

A mãe também tem competências na relação de vinculação. O processo de regulação mútua significa a capacidade da mãe comunicar eficazmente com o bebé, quer dizer, a mãe interpreta/comunica corretamente os seus estados emocionais e responde de forma adequada às solicitações do seu bebé. Se a mãe não responder positivamente às solicitações do bebé, podem desenvolver-se sentimentos de desconfiança que se manifestam por medos, receios e insegurança. A boa mãe comunica poeticamente com o bebé. Transforma as inquietações em segurança, o desconforto em bem estar, torna tolerável a angústia, faz o bebé sentir-se amado, compreendido e protegido.

 

Competências básicas do bebé 

O recém-nascido apresenta um conjunto de competências comunicacionais que estimulam aqueles que o rodeiam a satisfazerem as suas necessidades. De entre as várias estratégias usadas pelo bebé para obter os cuidados indispensáveis à sua sobrevivência e bem-estar destacam-se: choro, riso, vocalizações, expressões faciais, agarrar, mamar e seguir com o olhar. Estas estratégias manifestam as necessidades do bebé (proteção, segurança e afeto) e procuram a resposta que é a obtenção da sua satisfação.

 

Imaturidade 

Quando nasce o ser humano é caracterizado como um ser imaturo. Essa imaturidade é um elemento decisivo no processo de desenvolvimento da espécie. Como ser prematuro o bebé necessita de cuidados dispensados pelos progenitores ou outros cuidadores, nomeadamente nos primeiros anos de vida, para poder sobreviver física e psicologicamente. 

 

Interação bebé – mãe 

As relações precoces analisam-se em Psicologia, porque sem essa análise não se compreendem as capacidades de relação com os outros. O tipo e a qualidade das relações que o bebé estabelece com a mãe serão determinantes na sua personalidade a vários níveis: psicológico, físico, emocional e social. Uma boa relação de vinculação com a mãe (e/ou figuras maternais) conduzirá a um adulto equilibrado, com autoestima e autónomo, capaz de construir inter-relações gratificantes.

A relação entre a mãe e o bebé inicia-se muito antes do nascimento, pois assim que descobre que está grávida começa a fantasiar com o bebé, comunicando com ele, e estabelecendo desde logo uma relação, embora não real. Gradualmente, esta relação torna-se real e criam-se expectativas para com o bebé que lhe serão comunicadas desde o nascimento. Se essas informações forem positivas o bebé sentirá isso e a vinculação entre ambos será segura.

 

Vinculação 

A Vinculação é a necessidade de criar e manter relações de proximidade e afetividade com os outros, de o bebé se apegar a outros seres humanos para assegurar proteção e segurança. A relação privilegiada que o bebé estabelece com a mãe é decisiva para o seu desenvolvimento físico e psicológico, a proximidade física do progenitor é uma necessidade inata, primária, essencial ao desenvolvimento mental do ser humano e ao desenvolvimento da sociabilidade que responde a duas necessidades: proteção e sociabilização. Existem três tipos de vinculação:

  1. Segura: influencia positivamente no desenvolvimento afetivo, psicológico do bebé com o efeito das suas relações futuras
  2. Evitante: indiferentes à separação da mãe e ao seu regresso
  3. Ambivalente/resistente: manifestação de ansiedade mesmo antes da mãe sair e perturbação quando abandona a sala, hesitando entre a aproximação e o afastamento dela quando regressa.

 

Vinculação e Equilíbrio Psicológico 

O processo de vinculação tem uma importância fundamental no desenvolvimento físico e psicológico do bebé. A maneira como a mãe interpreta e responde às necessidades orgânicas e os estados emocionais do seu filho, vão influenciar o bebé não apenas naquele momento mas também no futuro, sendo muito importante a vinculação na constituição psicológica do bebé. Os modelos de representação de si próprio e da mãe, através dos quais o bebé percebe o seu universo, influenciam as suas perceções e conduzem as suas ações. Uma vinculação segura corresponderá a uma melhor regulação emocional, ou seja, vai favorecer a confiança, a capacidade de ultrapassar as dificuldades, em se sentir bem consigo mesmo e com os outros, desempenhando assim o papel de regulador emocional, designadamente face ao stress. Vai permitir uma gestão mais autónoma dos conflitos que fazem parte do crescimento psicológico. No entanto, esta vinculação não tem um carácter determinista; no desenvolvimento psicossocial da criança há muitos outros fatores em jogo ao longo da vida.