O Cérebro do Adolescente

    Quando examinamos o cérebro do adolescente descobrimos mistério, complexidade, frustração e inspiração. À medida que o cérebro começa a lidar com as hormonas, o córtex pré-frontal, centro do raciocínio e da capacidade de controlar os impulsos de caráter emocional, ainda se encontra em formação. Pela primeira vez, os cientistas podem dar-nos uma explicação para aquilo que muitos pais já sabem: a adolescência é uma fase de emoções fortes e expansivas, uma fase em que a capacidade de juízo e de autocontrolo se encontra enfraquecida. Por que razão os adolescentes têm diferentes necessidades e comportamentos tão inconstantes e bizarros? Por exemplo, por que razão é que os estudantes do liceu têm tanta dificuldade para acordar de manhã? Os cientistas só agora começaram a responder a uma série de questões relacionadas com o propósito do sono, tomando como ponto de partida o contexto dos padrões de sono dos adolescentes.

    O maior desafio para o cérebro do adolescente é a esquizofrenia. Em todo o mundo e atravessando fronteiras linguísticas, sociais e culturais, os adolescentes, a partir dos 12 anos de idade, podem ser afetados por esta desordem cerebral. E há imensos fatores que conjugados podem conduzir a esta patologia mental.

    A esquizofrenia é uma forma de psicose caracterizada por sintomas como pensamentos desorganizados, alucinações, ilusões, e isolamento social. Embora seja um facto que a doença tem acompanhado a humanidade ao longo da sua história, o seu diagnóstico preciso e a sua designação só foram concretizados na segunda metade do século XIX. Os textos da medicina a partir de 1800 descreveram a esquizofrenia como uma doença que começa tipicamente no jovem adolescente e torna-se habitualmente uma condição de debilidade crónica. Os estudos científicos revelam que a esquizofrenia é uma patologia mais comum nos meios urbanos do que nos meios rurais. Isto pode ser uma consequência do «stress» associado à vida urbana, ou um resultado do facto das pessoas migrarem para áreas urbanas em busca de tratamento. A esquizofrenia é comum no seu aparecimento durante a adolescência. Existem fatores culturais que influenciam a sua interpretação, embora as taxas de incidência da patologia seja semelhante entre países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento. Existem hipóteses que associam o aparecimento da esquizofrenia com a tendência humana para usar a comunicação simbólica, ou seja, por outras palavras, a esquizofrenia evoluiu ao mesmo tempo que a capacidade humana de fazer uso da linguagem. Eis alguns exemplos de variação cultural na interpretação dos sintomas psicóticos: na Irlanda, onde se valoriza em extremo a vida religiosa, os pacientes com esquizofrenia têm delírios de santidade. Em países muito industrializados, como os Estados Unidos da América, os delírios esquizofrénicos tendem a focar-se no uso sinistro da tecnologia e da vigilância: os doentes declaram que estão a ser espiados pelas suas televisões ou que estão a ser sujeitos a radiografias quando caminham na rua. No Japão, um país cuja cultura valoriza em extremo a honra e o conformismo social, os delírios psicóticos incidem sobre situações em que o doente é publicamente humilhado. Na Nigéria, país africano em que se acredita que a doença mental é provocada por espíritos malignos, os delírios dos pacientes assumem a forma de bruxas ou de espíritos dos antepassados. Ora, tudo isto mostra-nos como os valores culturais interferem nos sintomas dos pacientes psicóticos.

    Muitos comportamentos que seriam tidos como sintomas esquizofrénicos no Mundo Ocidental são considerados sinais de exaltação espiritual nos países em vias de desenvolvimento.

    Uma pessoa que afirmasse ser um deus na terra seria considerada psicótica ou delirante na sociedade ocidental, mas na Índia, seria vista como uma incarnação de um deus hindu. De igual modo, em algumas culturas africanas, as alucinações não são necessariamente vistas como um sinal de doença mental. Xamãs, sacerdotes tribais, que atuam como intermediários entre o mundo natural e espiritual, são profundamente respeitados pela sua capacidade de descrever as suas experiências no reino sobrenatural. Com efeito, muitas sociedades tribais encaram o mundo espiritual como uma realidade imediata e acessível, acreditando que os xamãs podem comunicar com os seus familiares mortos. Estas crenças refletem as normas culturais, pelo que estes comportamentos não são considerados delírios. Todavia, a despeito da influência da cultura e dos seus padrões específicos, a esquizofrenia e outras perturbações mentais estão relacionadas com uma disfunção cerebral: a ciência prova que para além da perceção cultural existem factos evidentes e comprovados que conferem uma visão e entendimento objetivos sobre as causas neurológicas que conduzem a alterações profundas do comportamento.

    Este documentário permite-nos obter uma visão mais crítica sobre alguns aspetos do desenvolvimento dos jovens adolescentes e as causas prováveis de alguns comportamentos desviantes e patologias do foro mental: o cérebro é apenas uma parte do «puzzle» intrincado que representa a fase conturbada da adolescência.

 
Aqui deixo uma ficha de trabalho sobre este documentário e também a sua resolução:
 
 
Para quem quiser assitir a este documentário na integra aqui fica: